
CAIÇARA E COMERCIAL
Patinho feio, Leão do Norte mira título. Fora da elite, rival Bode aposta em base

A Prefeitura de Campo Maior, segundo números da diretoria do Caiçara, desembolsou R$ 100 mil – divididos em cinco parcelas – ao longo do Estadual deste ano. Em 14 jogos no Campeonato Piauiense, o clube somou seis pontos. Foram 10 derrotas, três empates e apenas uma vitória. Levou 34 gols, marcou nove e aumentou em 60% as despesas com deslocamento, segundo levantamento interno. A campanha fraca trouxe o apelido de “patinho feio”, rebatida de forma irônica pelos dirigentes.

Francisco Ispo prefere esquecer o episódio da escravidão e faz planos para o próximo ano. Imaginando um Caiçara forte, o dirigente não descarta – quem sabe – o primeiro título na trajetória do clube.
Enquanto vê o principal rival em maus lençóis, o Comercial-PI padece longe da elite do futebol piauiense e reúne os cacos. Campeão piauiense em 2010 e vice no ano seguinte, o Bode é o time piauiense em melhor colocação no ranking nacional dos clubes da CBF. Posição que enche o presidente Arnaldo Pericó de orgulho ao deixar “os grandes” para trás.

Diferente do Caiçara, o Comercial-PI não aceitou participar do Estadual com o Deusdeth de Melo fechado. O clube alegou “prejuízos irreparáveis”, decisão que não gerou lamentação aos dirigentes da equipe rubro-anil.

Fora das competições profissionais, a alternativa do Bode foi investir nas categorias de base. O clube conta com 45 meninos registrados. Pericó confia em bons resultados. Este, pelo menos, é o desejo de todos.

CORI-SABBÁ
Choque de realidade: a gestão como plano de sobrevivência do Alvinegro

- Em termos de calendário, é muito complicado jogar no Piauí. As pessoas visam muito ao Estadual, pois tem muitas vagas: Copa do Nordeste, Copa do Brasil e Série D. Às vezes, o segundo semestre fica esquecido, que poderia ser melhor e dar oportunidade a todos durante o ano. Falta um pouco de visibilidade nacional para os jogadores aqui - avalia o lateral.
As dificuldades financeiras, por sinal, sempre foram fiéis companheiras da Águia de Floriano. A estreia em campeonatos piauienses há mais de 20 anos foi marcada por entraves ainda hoje cristalizados no clube.
- Naquela época, tivemos inúmeros problemas. Historicamente, nossas dificuldades sempre foi essa. Em 1991, tínhamos sete jogadores de Floriano no time principal. Era uma boa equipe. Hoje, faltam projetos. E mais: profissionalismo. Ninguém vai colocar sua empresa onde você não tenha retorno. Qual retorno? É a transmissão de uma TV, é a própria participação de um clube no campeonato. Aí, sim, é possível se falar em retorno. Com pessoas qualificadas, você tem sucesso - frisa Rilmar Araújo, o Bocó, primeiro treinador do Cori-Sabbá em Estaduais.

Uma das principais joias reveladas no município, portão de entrada para os cerrados piauienses, Faustivânio Venâncio - ou Vanim - rodou por clubes do sul do Brasil, em especial o Fluminense, quando foi lateral-esquerdo em 2000. Para Vanin, como é conhecido no mundo da bola, o modelo de gestão desenvolvido pelos clubes do Piauí é defasado e precisa de uma mudança urgente de filosofia.
Ainda que as críticas emanem de quaisquer cantos do estádio Tibério Nunes, palco dos jogos do Cori-Sabbá, os gestores do clube insistem em fortalecer o elo com o poder público. A mais recente aproximação rachou a família de José Bruno, atual presidente e empresário no município. As contas do clube não fecharam e o patrimônio pessoal precisou suprir os gastos com a temporada.

PICOS
Salto, mel e brilho: Abelhas Rainhas ofuscam homens nos campos de Picos


A Copa Piauí deste ano se tornou novamente atalho para que as abelhas voltem a brigar novamente pelo segundo principal título brasileiro da categoria. Volante e uma das líderes da nova equipe, Elaine valoriza a evolução do time nos últimos meses.
- No começo foi muito difícil. A gente chegou pela Copa Piauí, na raça, porque era bem difícil com a nossa estrutura. Só tínhamos apoio de carro dado pela Prefeitura de Picos. A gente chegava na sede dos outros times com um colchãozinho para descansar à tarde. Foi bem difícil. Depois que ganhamos a vaga na Copa do Brasil, passamos a ser conhecidas. Viram que o time feminino teve garra e, primeiramente, fé. Eles perceberam que nós podíamos ser grandes em Picos.

- É complicado dar esse apoio todo porque quase nunca os empresários recebem propostas decentes. Algumas pessoas se passam por presidente de time, técnico e até jogador, mas não têm consistência no que falam. É difícil ter credibilidade - alega Cláudio Galeno, presidente da CDL.
Viver apenas de renda de bilheteria é ultraje. Contudo, o time feminino do Picos fez da campanha na Copa do Brasil o momento ideal para a entrada de capital. Segundo o presidente do clube, a média de público era de três mil torcedores por jogo, com arrecadação de R$ 25 mil na bilheteria do estádio Helvídio Nunes.

- Vejo uma responsabilidade muito grande. Sou muito nova e sei que vou
ajudar a renovar a equipe. Mesmo não jogando, estive no grupo que
disputou a histórica Copa do Brasil do ano passado. Aquela energia
positiva motivou a gente. Estamos nos preparando muito. É só manter
força e a garra e mostrar o que a gente sabe fazer: jogar futebol.

FLAMENGO-PI
Problemas judiciais e sem sede: o caos administrativo do Flamengo-PI


A primeira coisa que chama a atenção é que, na verdade, o imóvel não constava em documento como sendo de posse do clube. Na certidão a qual o GloboEsporte.com teve acesso, ainda constava o nome da antiga proprietária, Maria Robertson Sales Parente, que vendeu o terreno ainda nos anos 80.
A tradição do Flamengo-PI no futebol piauiense é inegável. O clube é o segundo maior vencedor do Estadual, com 16 títulos, além de ter o maior número de participações na Copa do Brasil entre os clubes do estado; 11 no total. Por outro lado, o Rubro-Negro enfrenta dezenas de ações trabalhistas movidas por ex-atletas e ex-funcionários, o que dificulta diretamente a situação financeira. O acúmulo dessas dívidas junto à Justiça do Trabalho é apontada no clube como um dos motivos para a venda da propriedade.

Quem observa os resultados do Flamengo-PI dentro de campo pode imaginar um clube em situação invejável. Nos últimos três anos, a equipe esteve sempre entre os 4 primeiros colocados do Campeonato Piauiense, além de ter vencido as últimas duas edições da Copa Piauí. Extracampo, no entanto, a situação anda longe de ser confortável. Com um amontoado de ações judiciais contra o clube e os gestores, além de estar sem local próprio para treinar após uma polêmica venda da sede, o Rubro-Negro piauiense se vê imerso em um caos administrativo. O grupo entitulado "Resgate Flamengo-PI" entrou com uma ação junto ao Tribunal de Justiça Desportiva (TJD-PI) questionando a legitimidade do mandato de Jankel Costa como presidente do clube. Segundo a denúncia, o dirigente estaria ocupando ilegalmente o cargo que teria findado há dois anos. O cartola se defendeu alegando que uma mudança no estatuto alterou o tempo de dois para quatro anos de mandato, o que torna regular sua administração.
Contudo, o Flamengo-PI encontra-se a menos de três meses da rodada de abertura do Estadual 2015 contra o 4 de Julho e pouco - ou quase nada - foi construído no que deveria ser o novo endereço rubro-negro. Enquanto isso, a sombra de insegurança insiste em perseguir a Raposa.

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