sexta-feira, 19 de dezembro de 2014

RAIO X DOS CLUBES PIAUIENSES ULTIMA PARTE.


PARNAHYBA


Do Centenário à queda: Tubarão acumula títulos e dívidas em 10 anos

O mais desavisado torcedor do Parnahyba sabe: o clube não vai bem. Não apenas dentro de campo, mas também fora dele.Pouco mais de um ano e meio após o bicampeonato piauiense, o Tubarão saiu de uma histórica conquista do Campeonato Piauiense, em pleno ano do seu centenário de fundação, para imergir, neste mês de dezembro, em uma das piores crises financeiras de sua longeva história. O mais recente levantamento feito pela direção azulina apontou um rombo de quase R$ 300 mil nas finanças. A situação é grave. E expõe fraturas econômicas do mais velho dos clubes piauienses banhados pelo sol na linha do Equador. Mais que isso: revela a fragilidade da relação entre o clube e patrocinadores no litoral piauiense, em especial os oriundos da iniciativa privada, cada vez mais coadjuvantes no futebol da região.

A injeção de recursos públicos que tirou o Tubarão do anonimato nasceu em 2003, com a garantia de custeio dos gastos da equipe de futebol pela Prefeitura Municipal do município-sede. Após 11 anos da comunhão entre ambos, as glórias nos gramados foram imediatas: cinco títulos piauienses, sendo uma trinca consecutiva (2004, 2005 e 2006) e um bicampeonato (2012 e 2013) que coroou as celebrações de sua centenária história.

Contudo, o cordão umbilical se rompeu e fez nascer um entrave. O que o Tubarão no alto de seus 101 anos de história fará a partir de agora sem seu principal credor? A Prefeitura foi taxativa: essa relação de incentivo precisa ser formalizada. A transparência exigida na prestação das últimas contas não agradou e forçou um corte. O Parnahyba disputou o Campeonato Piauiense de 2014 sem qualquer apoio público e, não obstante disto, sucumbiu e acumulou um terceiro lugar geral.


Uma nova modalidade de incentivo promete regularizar a entrada de recursos públicos no clube. A prefeitura lançou um edital que regula o incentivo a ações voltadas ao esporte, lazer e cultura. A diretoria azulina se recusou a pleitear o apoio por considerar irrisória a quantia: R$ 50 mil.

Pouco ou insuficiente, a ajuda concedida pelo poder público é indispensável na visão dos dirigentes azulinos. Uma das alternativas para suprir a carência é a atração de novos nomes da classe empresarial, fidelizando os pouco existentes.



Divididos entre paixão e negócios no futebol, conta-se nos dedos de uma mão os exemplos de empresários envolvidos com o Parnahyba na mesma medida que Carlos José Neves. Proprietário de uma empresa do ramo agrícola, Casé - como é conhecido popularmente - se dedica também a presidência do Conselho Deliberativo do Parnahyba. Com a divulgação de sua empresa na camisa do clube desde 2003, ele reconhece as dificuldades do setor em enxergar o clube como a mina de ouro da publicidade esportiva do litoral.

A solução para todos dos percalços enfrentados pelo clube - ou pelo menos a maioria – deve vir novamente da iniciativa pública. Mas em outra frente. De acordo com Batista Filho, um banco estatal pode anunciar, a confirmação de um dos mais altos incentivos da história do clube. O cartola informou que estão previstos no projeto, encaminhado a presidência da instituição financeira, cerca de R$ 500 mil anuais, divididos em 12 parcelas de pouco mais de R$ 40 mil.



RIVER E PIAUÍ


Autossustentabilidade: River-PI e Piauí são “exemplos” de independência financeira

O futebol piauiense atravessa uma fase turbulenta, principalmente quando o assunto é organização. No entanto, dois clubes destoam dos demais e mostram que é possível com planejamento, bom trabalho de marketing e parcerias sólidas, se manterem bem financeiramente e sempre se apresentarem aptos às competições. Esses são River-PI e Piauí. Mesmo distintos em números de títulos e torcedores, os dois grandes de Teresina, mostraram o reflexo desse sucesso em campo na atual temporada quando decidiram o Campeonato Piauiense deste ano. Algo natural para instituições que, mesmo apresentando problemas, estão degraus acima dos times do interior e confirmam que o segredo para a auto sustentabilidade está bem mais próximo do que se imagina.

Apoiado na fidelidade de seus torcedores e no esforço da presidência em angariar o maior número de parceiros, o Galo é um dos poucos clubes que não dependem direta ou exclusivamente do poder público para manter as atividades em curso durante todo o ano. A Time Mania, por sinal, se tornou um alento por fazer entrar uma quantia considerável mensalmente nos cofres tricolores.
Um plano ousado da diretoria do River-PI deu mais um passo em busca da almejada autonomia financeira. O programa "Torcedor de Vantagens" lançado em dezembro deu por iniciado o plano de sócios-torcedores como uma fonte alternativa de capitalização movida pela paixão das arquibancadas. A intenção dos dirigentes é atrair, nos próximos seis meses, em torno de dois mil filiados e gerar, ainda em 2015, uma receita mensal de R$ 70 mil.
Nessa mesma levada está o Piauí. Claro que isso não seria possível se não houvesse o apoio maciço de um investidor particular que atua diretamente dentro do clube, responsável por quase 80% do pagamento das receitas mensais. No entanto, diferente do River-PI, o Enxuga Rato trabalha de forma tímida para angariar torcedores.

Confirmado como o segundo representante do estado na Copa do Brasil, o Rubro-Anil terá nas mãos a oportunidade de atrair olhares e empatia de novos admiradores. Os confrontos contra Naútico, Salgueiro e Moto Club na primeira fase da Copa do Nordeste, por outro lado, são datas importantes para este plano de expansão da marca do clube com duelos que podem atrair simpatizantes às arquibancadas.
Mas nem só de flores River-PI e Piauí viveram durante os quase 70 anos de história. Os momentos de crise foram latentes em vários períodos dessa longa trajetória, e que agora, com suas certidões negativas, almejam chegar ao patamar ideal de independência financeira.
Alguns pontos são destaques dentro desse contexto: as vendas das sedes sociais na Zona Leste de Teresina, a restruturação administrativa e o planejamento de médio a longo prazo. Todos esses fatores contribuíram para que os clubes pudessem chegar ao patamar estável (ainda distante do ideal) e relativamente seguro em relação a realidade do futebol local.

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